O desafio de tornar a pecuária mais sustentável é um dos pontos centrais para as próximas décadas, diante das ações globais que buscam reduzir as emissões de gases do efeito estufa e o desmatamento.
Para atingir esse objetivo, é preciso adotar medidas que conciliam a produtividade com a preservação ambiental. Embora possa parecer custoso no início, essas mudanças trazem benefícios não só ao meio ambiente como também ganhos para o produtor, em especial pela melhora na imagem e valorização comercial de produtos que adotam práticas sustentáveis.
O que significa pecuária sustentável?
A pecuária sustentável é um modelo de produção que visa reduzir os impactos ambientais da criação de animais, ao mesmo tempo que busca um aumento na produtividade, mantendo o bem-estar animal.
Para isso, emprega estratégias variadas, desde melhoramento genético, cuidados na alimentação e manejo eficiente dos recursos naturais. Dessa forma, garante a oferta de alimento de forma responsável e consciente.
Quais são os principais impactos da pecuária no meio ambiente?
O primeiro ponto para atingir uma pecuária sustentável é entender quais são os principais danos que a atividade pode causar ao meio ambiente. Em resumo, é possível citar como os mais relevantes:
- Poluição por gases estufa, como o metano;
- Desmatamento de áreas para pastagens;
- Má gestão dos resíduos e recursos hídricos;
- Compactação do solo.
Emissão de gases de efeito estufa
A atividade pecuária contribui com uma parcela significativa das emissões globais de gases do efeito estufa, entre eles o metano (liberado pela digestão dos ruminantes) e o óxido nitroso, resultante de dejetos e fertilizantes.
Uma das soluções para esse problema é adotar estratégias nutricionais com compostos que reduzem a produção de metano durante a digestão dos alimentos. Inclusive, isso melhora a conversão alimentar dos animais, com um resultado positivo no ganho de peso e qualidade da carne. Em relação aos resíduos, é possível fazer uma gestão sustentável, inclusive direcionando para produção de biogás, por exemplo.
Desmatamento de áreas de floresta nativa
O desmatamento é outro reflexo negativo atribuído à pecuária, pois reduz a cobertura de vegetação nativa, empobrece o solo e reduz a capacidade de absorção de CO² atmosférico.
Ao invés de desmatar novas áreas para formação de pastos, uma alternativa mais viável do ponto de vista ambiental é buscar meios de aumentar a produtividade com o espaço já disponível.
Algumas das estratégias que possibilitam essa mudança são modelos de criação em confinamento ou TIP (Terminação Intensiva a Pasto), por exemplo. Além disso, a rotação de culturas promove a renovação do solo, ajudando no crescimento do pasto posteriormente.
Gestão de resíduos e recursos hídricos
Fazer a gestão adequada dos resíduos evita a contaminação do solo e de cursos d’água, garantindo o fornecimento de água para os animais ao longo do tempo. Algumas estratégias válidas são a reutilização dos resíduos em outras atividades, como adubo para o solo, evitando o uso de aditivos químicos, por exemplo.
Em relação à água, uma boa alternativa é instalar um sistema de captação da água da chuva, que pode servir para atividades de limpeza, além do consumo consciente, que deve ser incentivado.
Compactação do solo
O pisoteio frequente dos animais sobre a pastagem ocasiona a compactação do solo, interferindo na permeabilidade, ou seja, a infiltração de água, tornando-o árido e também prejudica a renovação de nutrientes. Promover a rotação de pastagem e controlar o número de animais por área pode reduzir o problema.
Quais as práticas para sustentabilidade na pecuária?
Em contraponto aos problemas causados, existem estratégias e novas tecnologias que permitem alcançar uma pecuária sustentável. A seguir, apresentamos alguns desses exemplos e o impacto que podem trazer para o setor.
Integração Lavoura-Pecuária
A ILP combina o cultivo agrícola e a pecuária em uma mesma propriedade, otimizando o uso do espaço. Esse modelo de produção traz vários benefícios, dentre eles:
- Renovação do solo pela rotação entre plantio agrícola e pastagens;
- Maior produtividade por hectare;
- Aproveitamento de dejetos animais como adubo e possibilidade de produção voltada à alimentação do rebanho.
Melhoramento genético
A seleção de raças mais resistentes, que se adaptem ao clima e sejam menos suscetíveis a doenças aumenta a produtividade e reduz a necessidade de uso de medicamentos, tornando o sistema mais eficiente.
Isso também contribui para os animais ganharem peso mais rápido, com menor tempo entre o nascimento e o abate, o que resulta em menos consumo de recursos.
Suplementação
Utilizar rações balanceadas para o tipo de animal e fase do desenvolvimento possibilita melhor conversão alimentar, bem como, pode auxiliar na digestão. Dessa forma, essa ação pode impactar positivamente na redução do tempo de engorda, além de reduzir as emissões de metano.
Quais os benefícios para o produtor de investir na pecuária sustentável?
Para os pecuaristas, investir na sustentabilidade pode trazer muitos benefícios, como a economia de recursos, decorrente do uso consciente e também pela melhoria na conversão alimentar.
Ao implementar uma pecuária sustentável, é possível alcançar novos mercados, com maior valor agregado para os produtos. Isso porque, cada vez mais os consumidores buscam itens de origens certificadas e com impacto ambiental positivo.
A preocupação com a sustentabilidade garante que a atividade seja viável para as próximas gerações, promovendo a segurança alimentar para o futuro.